Palavralgia
Nas minhas horas vazias,
Procuro encontrar um lugar em mim mesma.
Um lugar pleno do que mais preciso.
Onde todas as vozes se calam para
O silêncio dizer todas as coisas.

Nas horas cheias, estou no exterior,
No estrangeiro, no estranho necessário.

Nas minhas horas vazias,
Volto ao país de mim mesma e
Encontro o espaço em que reconheço
As verdades, as meias verdades e
até as mentiras, que parecem verdades.

Nas horas cheias, me multiplico,
me divido, me reparto e
fico cheia de mim aos pedaços,
como um balão, cujo gás se esvai e
jaz murcho e inerte em meio a turbulência festiva.

Nas minhas horas vazias,
sou plena de horas e de chão,
me espalho pelo país de mim mesma,
me encontro comigo e
me remonto inteira,
pronta a cruzar uma nova fronteira.
Palavralgia
O poeta nasce após nove meses de gestação,
Mas é um ser diferente.
Nasce com olhos que ouvem,
Ouvidos que enxergam e
Mãos que falam.
Respira por todos os poros,
Traduzindo tudo em palavras que
Se encaixam numa perfeição divina
Perpetuada pela eternidade.
O poeta é o único ser que
Contraria os princípios evolutivos da humanidade
Porque ele nasce, cresce e não morre.
Palavralgia
Eu sou!

Tudo por um cabelo esticado na chapinha e os olhos bem delineados. Batom, eu gosto dos bem suaves e brilhosinhos.

Estas são armas infalíveis para enfrentar a vida.

Na hora cinzenta, nada como  blush tom bronzeado e sombra douradinha brilhante, trazida da Europa pela amiga de muitas horas.

Rimel é o poder, aconselha outra grande amiga! Levanta a auto-estima. Simplesmente, não dá mais para viver sem rimel! Qualquer olhinho caído toma ares de felicidade!

Por falar em felicidade, o caminho passa aqui perto. Mas, se a tristeza persistir, corretivo nela, cor da pele para debaixo dos olhos, peito estufado e é vida que segue. Não dá para deixar a peteca cair.

Falando em peteca, lembrei de pular corda. Este foi conselho médico: pular corda todos os dias para suar bastante e renovar as energias. Não deixar a peteca cair também faz o mesmo efeito, melhor ainda se um parceiro (a) entrar na brincadeira para ajudar com a peteca. Mas se ela cair, pega ela, joga para cima e começa de novo.

O poder redobra no salto. Nada de cabeça baixa;  sobe no salto, mesmo que num saltinho, que tudo toma outra perspectiva.

É sempre providencial ter um amigo ao alcance da mão, ou melhor, do celular, rir bastante de bobagens e nunca se esquecer de retocar a maquiagem.

Tristeza, diz a poeta, não tem pedigree, mas a vontade de alegria tem raízes profundas.

Sabe o que dá a maior força para encarar a vida de frente? Após finalizar com o brilho labial, olhar-se no espelho, piscar os cílios bem alongados e perguntar-se a si mesma: quem se dobra e desdobra para sempre conseguir dar a volta por cima?

Sou eu!
Palavralgia
Sempre escrevi em agendinhas de bolsa, cadernetinhas de anotações, caderninhos e, dependendo da situação, em capas e marcadores de livros, guardanapos, notas de supermercados e até nos comprovantes de débito automático, aqueles papeizinhos amarelos ou azuis que ficam, aos quilos, na carteira e na bolsa da gente.

Disse a mim mesma: que é isso? Assim não é possível. Tem que ter um lugar direito para escrever! A poesia merece um lugar digno. Parei então numa super papelaria e adquiri um caderno imenso, de vinte matérias,  bem grosso, bonito, cheio de gueri-gueri e levei para casa. Um ano se passou e eu nunca consegui escrever uma linha sequer neste caderno. Não rola! Continuei no universo dos pedacinhos de papel. É onde cabem minhas dignidade e poesia!