Palavralgia
Eu já fui árvore.

E, com longos braços contorcidos, erguia flores, folhagens frescas e frutos à imensidão.

Eu já fui árvore e gostava mesmo era de chuva! Depois eu ficava toda enfeitada com os diamantes que as gotas d’água formavam sobre minhas folhas. Quando o sol batia, os diamantes rebrilhavam mais! O vento chegava e eu ficava toda assanhada.

Foi sempre assim. Ele vinha, brincava entre meus braços e partia levando minhas joias brilhantes e alguns pedaços de mim.

Eu já fui árvore e aprendi a ler passarinhos. Quando não vinham me visitar, estavam formando partituras nos fios e eu já sabia de cor o seu canto encantado.

O vento também cantarolava para mim, um sussurro lamentoso e sedutor. Eu olhava para os fios e a pauta musical estava vazia. Era quando os pássaros vinham me visitar, me fazer de abrigo e me encantar. Eu ficava feliz, sabia que ia chover e de novo me enfeitar. Nem tudo é lamento!

De tanto ser árvore, criei raiz profunda e me espalhei pelo ar.

Eu gostava de ser assim: ler pássaros e ser tocada pelo vento, sem partituras, apenas com partidas constantes, mas, ainda assim, tocada.

Tornei-me árvore frondosa, especializei-me em ler partituras de passarinhos e também em ser tocada pelo vento, mas, sobretudo, a florescer sempre com mais força, após ver ir embora com ele as partes arrancadas de mim.
Palavralgia

Palavralgia

Palavralgia

Palavralgia

Palavralgia
Ainda estou aqui boiando na superfície. Quero mergulhar, mas sou impedida porque me falta fôlego, aparelhagem e pelo medo do que é profundo. Por enquanto, vou ficando por aqui, flutuando pelas margens.
Palavralgia
Palavralgia é um espaço para reflexão acerca de coisas para as quais buscamos explicação: o passar do tempo, as crueldades do mundo, as desigualdades sociais, os medos, as dúvidas, situações profissionais adversas, enfim, dores da alma, do mundo e de amores. O objetivo desta obra é compartilhar estas reflexões, de forma leve e bem-humorada, sobre as contradições do mundo em que é previso viver e conviver.
Palavralgia
Eu tenho um teto,
Mas às vezes perco o chão.
Embora muitas portas se abram,
As paredes têm ouvidos e,
A alma, janelas e telhado de vidro.

Eu tenho um quarto,
Mas eu quero ser inteira.
Palavralgia
O livro Palavralgia teve origem neste blog, onde foram publicados os primeiros trechos de crônicas e alguns poemas. Após este exercício desde 2010, considerei que seria possível publicar um livro alguns textos do blog e outros inéditos. E foi. O livro, lançado no último dia 23 de maio está sendo o maior sucesso!
Palavralgia
"Livro-me quando ponho a esburacada alma para fora."
Trecho do novo livro de crônicas
Palavralgia
"Eu não sei nada sobre a morte. Não fui educada para morrer, achava que ia viver para sempre. Este é um grande equívoco! Se assim não fosse, talvez eu soubesse como me comportar, sem egoísmo, sem medo, sem covardia, com a naturalidade que o fato exige. Afinal, não há nada mais natural - e, porque não dizer, banal - que morrer."

Trecho da crônica Minha Morte, integrante do segundo livro de crônicas "Livro-me"
Palavralgia
Estive num lugar que não existe.
Lá permaneci longo tempo.
Foi onde aprendi muito sobre nada e
sobre as coisas vazias...
Venho de lugar nenhum.
Brotei assim do nada,
do chão, feito mato.
Maria sem-vergonha,
fui crescendo assim
ao ar livre, livre,
sem cuidados, sem adubo,
sem poda, sem vergonha!
Cresci verde, tenra, fresca, com viço.
Dou em qualquer lugar.
Não tem chão certo pra mim.
Não nasci para cercados,
não presto pra coisas nobres.
Só entendo de chão, de brisa e de
liberdade!

Fui crescendo assim,
tomando conta do chão em volta e de mim,
sem rumo, seguindo apenas a luz
e tendo a terra firme sob o pé que me conduz.

Apesar das ameaças de corte
e da fogueira...
não preciso de mais nada.
Sempre terei o chão e o ar
para me espalhar.
Palavralgia
No meu celeiro, 
mantenho sementes de palavras a germinar,
para cultivá-las com zelo
a fim de que possam crescer e florescer
sem espinhos para machucar!!!


Palavralgia
Sempre fiz tudo para ser aceita pelo mundo.
Cansei, não careço mais de aceitação.
Agora sou eu que tenho infinitas dificuldades em aceitá-lo!
Palavralgia














Quem me lê
Enxerga nas linhas do meu corpo
As curvas de longos caminhos e
Os traços de muitas trilhas.


Quem me lê
Vê nas linhas do meu rosto
Inúmeras histórias e
Muitas trajetórias.


Quem me lê
Faz leitura ótica
De todos os códigos
E entrelinhas, dos
Sentidos contidos
e consentidos.


Quem me lê
Pensa antever em meus movimentos
O que pode acontecer,
Mas se surpreende ao perceber o
Imprevisível aparecer.


Quem me lê
Lê pensamentos escondidos,
Mas só os permitidos.


Quem me lê,
E lê muitos outros,
Deve fazer releitura
Da sua própria
Escritura.
Palavralgia
http://oglobo.globo.com/rio/bairros/inspirada-no-cotidiano-escritora-aurea-stela-lanca-palavralgia-12586677
Palavralgia
Palavralgia
Sempre tive vocação para fogueira por razões diversas, mas nenhuma delas me arrastou tanto para o fogo como a escrita. Não sou dada à tepidez.
Palavralgia
Os dias cinzentos também se prestam a sorrisos.
Palavralgia
A dor é uma grande propulsora de crescimento. Ela cria anticorpos, fortalece. Prepara um exército inteiro composto de um único combatente - forte, seguro, firme - capaz de vencer qualquer batalha e permanecer em pé, de cabeça erguida.
Palavralgia
Palavralgia
Sei muito
Do que não sou
E o que sou e sei
Desconheço.
Para bom desengolidor de palavras,
Um pingo
Pode ser prenúncio de
Intempestivas tempestades.
Perdi gosto pelas convenções.
O que me amedronta,
Me fortalece.
Também me protejo no abandono,
Me afeiçoo aos contrários,
Os desvarios me inspiram
E os desafios me engrandecem.
Palavralgia
Estou trabalhando com afinco na desconstrução daquilo em que o ditado social quer fazer de mim.
Ode
Palavralgia
Esta é a minha Ode, um canto de mim.
Palavralgia
"Eu sou personagem, mas também poeta, tentando cantar o mundo à minha maneira. Essa fusão de imaginário e real compõe o infinito e a poesia.

Cada estrela é um verso do Canto do universo e também do Canto do mar, mas do Canto do sol é verso único que ilumina o Canto que mais me encanta e que em mim eclode fazendo nascer esta ode que para você eu canto."
Palavralgia

O livro Palavralgia será lançado em maio. Data e local estão sendo definidos pela Editora Pandorga e serão anunciados aqui.

O título estará disponível em livrarias e na versão E-book, livro digital:

Apple
Google Play
IBA (Grupo Abri)
Kobo e suas afiliadas (Livraria Cultura)
Livraria Saraiva
Livrus
Wook (Grupo Porto – Portugal)
Palavralgia
Eu queria falar sobre a bunda.

No nosso mundo, a bunda abunda, enquanto outra parte do nosso corpo, bem mais excitante e interessante, entra em franca extinção.

Tudo bem, tudo bem, eu sei que beleza é fundamental e tal, mas, na boa, não dá para dar uma engrossada no conteúdo também? A bunda virou uma praga. Ela invade nosso espaço. Para onde quer que olhemos, lá está uma, abundante, andante e rebolante. Há que se desenvolver um pesticida contra está peste. Na grande maioria das vezes, onde há uma bunda abundante, o cérebro resta atrofiado.

Nosso mundo valoriza mais a bunda que o cérebro. E para que serve uma bunda afinal? Refletindo bem, uma bunda tem lá seus manejos e traquejos, tem lá sua importância, mas é preciso ser um glúteo que tenha bagagem e não apenas um avantajado bagageiro vazio.

É preciso salvar o mundo da bunda. Isso está pegando mal para nós. Que tal, para engrossar o conteúdo, exercícios de contorcionismo e musculação cerebral? Já pensou em exibir os lobos frontais sarados e o córtex malhadão, produzindo aquelas ideias super criativas, tiradas sagazes, raciocínios rápidos e construções inteligentes?

Olha! Não dá para colocar a bunda no lugar da cabeça, embora, em muitos casos, tenhamos a nítida impressão de que as posições estão realmente invertidas com suas respectivas funções preservadas. É lícito - e muito notório, ou melhor, notável - ter a bunda bonita, mas não rola substituí-la pelo cérebro.

Que tal deixar todo mundo babando com o rebolado e o remelexo do cerebelo? Na avenida, vem lá, a hipófise fazendo evoluções fantásticas. Os neurônios, de mãos dadas, na comissão de frente, fazendo aquelas sinapses que impressionam a passarela. O hipotálamo, de Mestre Sala, exibindo toda a sua importância nos processos metabólicos do sistema. O que diriam de nós lá fora?

Se o cérebro fosse desfilar na avenida, o samba poderia ser assim:

"Raiou no céu um brilho diferente,
que ilumina toda a gente,
sem paetê e sem pingente.

(Simbora...)

É uma visão bem mais profunda,
que abandonou a bunda,
deixando de ser indecente
pra ser mais inteligente..."

Não seria um desbunde?
Palavralgia
Eu já fui árvore.

E, com longos braços contorcidos, erguia flores, folhagens frescas e frutos à imensidão.

Eu já fui árvore e gostava mesmo era de chuva! Depois eu ficava toda enfeitada com os diamantes que as gotas d’água formavam sobre minhas folhas. Quando o sol batia, os diamantes rebrilhavam mais! O vento chegava e eu ficava toda assanhada.

Foi sempre assim. Ele vinha, brincava entre meus braços e partia levando minhas joias brilhantes e alguns pedaços de mim.

Eu já fui árvore e aprendi a ler passarinhos. Quando não vinham me visitar, estavam formando partituras nos fios e eu já sabia de cor o seu canto encantado.

O vento também cantarolava para mim, um sussurro lamentoso. Eu olhava para os fios e a pauta musical estava vazia. Era quando os pássaros vinham me visitar, me fazer de abrigo e me encantar. Eu ficava feliz, sabia que ia chover e de novo me enfeitar. Nem tudo é lamento!

De tanto ser árvore, criei raiz profunda e me espalhei pelo ar.

Eu gostava de ser assim: ler pássaros e ser tocada pelo vento, sem partituras, apenas com partidas constantes, mas, ainda assim, tocada.

Tornei-me árvore frondosa e especializei-me em ler partituras de passarinhos e também em ser tocada pelo vento, mas, sobretudo, em ver ir embora partes de mim.
Palavralgia
Aproveito o que resta de mim para fazer de adubo para um novo eu.
Palavralgia
Quero voar, mas há pouca asa para tanto céu.
Palavralgia
Muita gente me pergunta o que quer dizer Palavralgia. É muito simples. Palavralgia significa "dor da palavra". Este termo não existe em dicionários porque foi inventado para expressar o meu sentimento em relação à escrita.

E por que esse nome como título de um livro de crônicas? Porque sempre fiz da folha de papel em branco um divã. Creio que ninguém vá para o divã porque está feliz. Escrevo porque sou um ser cheio de questionamentos, dúvidas, receios, medos, infinitas dificuldades e tudo mais. É por isso que recorro ao "divã", para me desmanchar toda em palavras sobre o papel em branco, o qual chamo de "espaço de me expor", apesar de nem tudo estar completamente exposto, pois é preciso haver também a fundamental e indispensável participação do leitor, no que diz respeito ao mergulho neste "caldo escaldante" todo, para fazer suas próprias reflexões e descobertas.

Palavralgia é um espaço de reflexão acerca do mundo, seus habitantes e a relação que se estabelece entre eles. Neste espaço, não existe qualquer distanciamento entre o mundo e o narrador (ou o eu-lírico). Pelo contrário, mais do que em qualquer outro lugar, o "eu" está completa e totalmente inserido, rolando misturado junto com tudo que existe dentro deste liquidificador gigante que é o mundo. É onde busca, incessantemente, sua posição, situação e direcionamento diante de si mesmo, dos outros e desse imenso processador que é o mundo. A mistura resultante, só cada um, individualmente poderá avaliar.

No meu entendimento, não existe literatura sem questionamento, sem perplexidade, sem dúvida, sem sentimento, sem dor.
Palavralgia


Eu sou!
Tudo por um cabelo esticado na chapinha e os olhos bem delineados. Batom, eu gosto dos bem suaves e brilhosinhos.
Estas são armas infalíveis para enfrentar a vida.
Na hora cinzenta, nada como blush tom bronzeado e sombra douradinha brilhante, trazida da Europa pela amiga de muitas horas.
Rimel é o poder, aconselha outra grande amiga! Levanta a autoestima. Simplesmente, não dá mais para viver sem rimel! Qualquer olhinho caído toma ares de felicidade!
Por falar em felicidade, o caminho passa aqui perto. Mas, se a tristeza persistir, corretivo nela, cor da pele para debaixo dos olhos, peito estufado e é vida que segue. Não dá para deixar a peteca cair.
Falando em peteca, lembrei-me de pular corda. Este foi conselho médico: pular corda todos os dias para suar bastante e renovar as energias. Não deixar a peteca cair também faz o mesmo efeito, melhor ainda se um parceiro (a) entrar na brincadeira para ajudar com a peteca. Mas se ela cair, pega ela, joga para cima e começa de novo.
O poder redobra no salto. Nada de cabeça baixa; sobe no salto, mesmo que num saltinho, que tudo toma outra perspectiva.
É sempre providencial ter um amigo ao alcance da mão, ou melhor, do celular, rir bastante de bobagens e nunca se esquecer de retocar a maquiagem.
Tristeza, diz a poeta, não tem pedigree, mas a vontade de alegria tem raízes profundas.
Palavralgia
Isso aí mesmo,
Seja lá o que for.
Talvez até um pouco mais.
Sei lá.
O que você quiser.
Porém, primeiramente,
E, acima de tudo,
Sou uma mulher.
Isso sim, e a natureza
Fornece atestado.
Tudo bem, tudo bem,
Cheia de imperfeições,
Erros, defeitos, etc. etc.
Mas, sobretudo,
Uma mulher
Que sabe muito
Bem o que quer.