E ele já nasce
cansado de ser jovem.
Um velho árvore de
onde brotam poemas maduros,
Poemas de vez em
quando,
Poemas tenros
ainda, ásperos, azedos, doces,
Os enraizados, os
arrancados
Os troncudos, os
floridos, os cheios de ramos
Os derramados
pelos vendavais,
Os que resistiram
a temporais,
Os regados pelos
orvalhos matinais,
Os que ainda não
desabrocharam
Os que morreram
ainda em botão,
Os que nasceram
por teimosia,
Os que sempre precisam
de adubo.
Tem um velho
nascendo em mim
Entranhado desde
criança
Um velho que
adora amenidades
Mas com alguma
coisa dentro
Porque amenidades
puras
São difíceis de
engolir.
Tem uma árvore dentro
de mim,
Cultivada desde a
semente,
Pelo velho
entranhado
Mas que agora,
cresce descontroladamente
E coloca os
galinhos de fora,
A saírem boca afora
Cheios de ramos,
folhagens e flores,
Desengolidas
amenidades impuras,
aromas, amores e
temores.
Ela cresce a olhos
vistos.
Olhos, ouvidos,
nariz e garganta afora
Escancaradamente,
Escancarada mente
Dilacerando a
maternidade.
Mente que
crescerá amena
E o velho, que
adora amenidade,
A cultiva com pueril
ingenuidade.