Palavralgia
O que me escapa são os olhos, não o olhar.
O que me foge é o cérebro, não o pensar.
O que me passa são os pés, não os caminhos.
Eu passo as mãos, mas as mãos também me passam,
Não os feitos.
O que me escapa é a boca, não a palavra.
O que me foge são os verões, não os amores.
Tudo que é finito em mim me escapa,
Mas a chama jamais se apaga
Porque perdura ao infinito
Enquanto o infinito perdurar.
Palavralgia
Sou uma estrela híbrida
Porque possuo dupla condição estelar.

Uma me foi conferida
Por ter nascido neste planeta
Fruto de uma explosão de estrela
De onde retiro todos os minerais que
Correm em minhas veias
E constituem meu corpo,
Que é todinho formado do pó
Proveniente da explosão
E, não por acaso,
Também tem formato de estrela.

A outra condição tomo emprestada
De uma estrela de quinta grandeza
Com que tive a sorte de me deparar nesta vida
A qual me deu nome e me fez brilhar.

Apesar desta dupla condição,
E de todo este brilho
Sou uma estrela solitária
Em permanente busca
De preencher espaços
Porque sou uma estrela cheia
De espaços vazios.

A hibridez permite
Que eu transite livremente
Entre dois ambientes
Completamente incompletos:
Aquele onde vivem todos os seres e
Aquele onde só vivem os poetas.

Humanidade e poesia
Misturam-se para dar vida a um ser,
Que, como qualquer outro,
Precisa encontrar seu espaço.

Afinal, o espaço é o habitat de todas as estrelas.
Palavralgia
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Obrigada,


Áurea Stela
Palavralgia
Transborda, aos pouquinhos,
Um resto de mar
Que ainda há em mim.